Viver é fazer meia com uma intenção dos outros. Mas, ao fazê-la, o pensamento é livre, e todos os príncipes encantados podem passear nos seus parques entre mergulho e mergulho da agulha de marfim com bico reverso. Croché das coisas...
(Bernardo Soares, Livro do desassossego)


Esta vida de trolha... VI

Isto de ter uma casa tem muitas semelhanças com uma gravidez...

Vejamos:

- Há a fase de decidir engravidar. Eu decidi comprar casa.

- A seguir vem a fase de engravidar. Eu comprei casa.

- Ao que se seguem as dúvidas... no que me vou meter! Humm, humm...

- Algures lá pelo meio a criança começa a mexer. Lá em casa começou tudo a bulir com as obras.

- Compram-se roupas e o carrinho e a banheira. Eu comprei umas coisas giras para a cozinha.

- Depois os pais investem na coisa e interagem com a criança. Eu comecei a pintar a casa.

- Depois a barriga começa a pesar. Pintar a casa tornou-se uma tarefa árdua.


Agora, estou naquela fase em que já nascia!!!


No meio desta brincadeira toda, fui-me vinculando àquele espaço. A total integração na identidade só vem depois, tal como acontece na maternidade. A mim, ainda me faltam algumas coisas para o enxoval estar completo... vá, pronto, falta-me tudo. Mas um dia, vou sentir aquele espaço totalmente como meu. Estou ansiosa por isso.

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