Viver é fazer meia com uma intenção dos outros. Mas, ao fazê-la, o pensamento é livre, e todos os príncipes encantados podem passear nos seus parques entre mergulho e mergulho da agulha de marfim com bico reverso. Croché das coisas...
(Bernardo Soares, Livro do desassossego)


Dramas e tramas

Por vezes, damos connosco em situações que nos oprimem, nos angustiam, nos amarram... E por vezes, a solução passa por dar um grito, por dizer basta.

Nem sempre nos conseguimos soltar... Como ajudar alguém a proferir o som agudo que vem das entranhas? Como ajudar alguém a libertar a alma?

Não sei como, nem porquê, mas soltar o grito com cheiro a naftalina, que ficou esquecido de outros tempos, foi o meu contributo. Gritei... gritei bem alto como se eu própria estivesse desesperada. Gritei aquele grito que tantas vezes ficou cá dentro...

O efeito foi evidente. E o mais curioso é que foi terapêutico também para mim! São misteriosos os caminhos que encontramos para ajudar os outros... misteriosos e surpreendentes. E quando menos expectativas disso temos, recebemos de volta na mesma proporção.

Foi uma sessão intensa e de tal forma marcante que ainda me dá arrepios!

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