Viver é fazer meia com uma intenção dos outros. Mas, ao fazê-la, o pensamento é livre, e todos os príncipes encantados podem passear nos seus parques entre mergulho e mergulho da agulha de marfim com bico reverso. Croché das coisas...
(Bernardo Soares, Livro do desassossego)


How the Grinch almost stole my Christmas

Cansada do circo de luzes em cada varanda, irritada com as repercussões do consumismo no trânsito, sem paciência para passar horas em frente ao fogão e a receber mensagens tabeladas sei lá bem de quem, entrei na quadra festiva.

Entrei na quadra festiva, pois que remédio... Mas não sem um sinal de protesto! Recusei-me terminantemente a comprar prendas!!! Esta coisa de chegar a Dezembro e encher a árvore de natal com embrulhos anda a deixar-me com uma ligeira urticária. Este ano decidi dizer NÃO, não compro! NÃO, não faço árvore de natal!! NÃO, não faç... pronto, tá bem a aletria eu faço!!!!

Porque é que chega a esta época do ano e anda tudo numa euforia por causa da generosidade, da paz, do amor, da tolerância?!!! O natal é sempre que o Homem quer, mas só se lembram disso em Dezembro, quando as lojas nos provocam crises epiléctricas, com tantas luzinhas a piscar. Eu prefiro ser generosa o ano todo e não precisar de pretextos para dar ou amar.

Ok, o Natal é uma festa da família, supostamente... Dizem os entendidos que a família é constituída pelos elementos que cada um identifica como tal. Ora eu fui convidada para um almoço com uma das minhas famílias. No meio de concursos tradicionais, mas pouco convencionais, de gargalhadas (des)propositadas, fotografias e de abraços verdadeiramente genuínos, surgiu-me o sentimento de amor. A vontade de apertar com força, os sorrisos sinceros e inevitáveis, a sensação de peito cheio...

Fez-me todo o sentido o espirito de natal, esse espirito que andou perdido... E enquanto eu o procurava no meio de bolas, fitas, luzes e estrelas douradas, ele estava no sítio mais evidente... no mesmo sítio com que me cruzo com ele todos os dias! Duuuuh

(Para dar um gostinho agri-doce à coisa, enquanto escrevo isto, chovem mensagens no telemóvel!!! Ai Grinch, Grinch!)

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