Viver é fazer meia com uma intenção dos outros. Mas, ao fazê-la, o pensamento é livre, e todos os príncipes encantados podem passear nos seus parques entre mergulho e mergulho da agulha de marfim com bico reverso. Croché das coisas...
(Bernardo Soares, Livro do desassossego)


A luz dos olhos teus

E um tango sobre o gelo.





Sentou-se ao meu lado. Não nos conhecíamos. Fez um breve comentário sobre alguma coisa e começámos a trocar impressões sobre o concerto.

Consoante nos dirigíamos para a saída, continuámos a trocar sons, palavras, ideias... o comportamento das crianças, a importância da música, a beleza do Porto, livros. No caminho, mostrou-me pormenores que me haviam passado despercebidos até hoje. Falou-me de significados.

Despedimos-nos e disse-me "obrigado pela luz da sua presença". Deixámos à vontade do acaso um novo encontro.

Houve uma subtil ligação, um reconhecimento da existência, uma admiração espontânea. E foi como que um breve tango, que ambos elogiámos com um olhar.

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