Ontem tive de administrar uma injecção a um rapaz de 21 anos. Poderia ter sido uma como tantas outras. Mas não foi. Este rapaz em particular, o Carlos, tocou-me profundamente o coração. Tinha acabado no dia anterior um ciclo de quimioterapia e estava ali para tomar um medicamento que iria ajudar a diminuir os efeitos secundários.
Trazia garra no olhar, o Carlos. Era um rapaz engraçado e parecia querido; um rapaz que parecia enfrentar a vida com coragem. Quase podia jurar que entrou na sala com um sorriso, mas não tenho a certeza. Pedi uns minutos para me inteirar do que ia administrar e ele explicou-me quando e onde costumava fazer. Detesto esta injecção - disse-me - detesto porque é na barriga. Tentou negociar comigo se poderia ser noutro sitio. Tive de lhe dizer que, noutro sítio, o tempo de absorção seria diferente e que não sabia se isso era importante para este medicamento em particular. Assentiu, sem qualquer resistência.
Sentou-se na marquesa encostada à parede e reparei que as mãos dele tremiam. Sentei-me ao lado dele e esperámos, em silêncio, que se sentisse preparado. Respirou fundo, olhou para mim e levantou a camisola. Foi doloroso.
Mesmo antes de deixar a sala, agradeceu-me com um sorriso sincero, assim me pareceu, que eu retribuí. Senti as lágrimas a caírem-me pela cara abaixo. Partiu-se-me o coração!
Obrigada Carlos, por me lembrares que tenho toda a liberdade para sonhar.
Trazia garra no olhar, o Carlos. Era um rapaz engraçado e parecia querido; um rapaz que parecia enfrentar a vida com coragem. Quase podia jurar que entrou na sala com um sorriso, mas não tenho a certeza. Pedi uns minutos para me inteirar do que ia administrar e ele explicou-me quando e onde costumava fazer. Detesto esta injecção - disse-me - detesto porque é na barriga. Tentou negociar comigo se poderia ser noutro sitio. Tive de lhe dizer que, noutro sítio, o tempo de absorção seria diferente e que não sabia se isso era importante para este medicamento em particular. Assentiu, sem qualquer resistência.
Sentou-se na marquesa encostada à parede e reparei que as mãos dele tremiam. Sentei-me ao lado dele e esperámos, em silêncio, que se sentisse preparado. Respirou fundo, olhou para mim e levantou a camisola. Foi doloroso.
Mesmo antes de deixar a sala, agradeceu-me com um sorriso sincero, assim me pareceu, que eu retribuí. Senti as lágrimas a caírem-me pela cara abaixo. Partiu-se-me o coração!
Obrigada Carlos, por me lembrares que tenho toda a liberdade para sonhar.
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