Viver é fazer meia com uma intenção dos outros. Mas, ao fazê-la, o pensamento é livre, e todos os príncipes encantados podem passear nos seus parques entre mergulho e mergulho da agulha de marfim com bico reverso. Croché das coisas...
(Bernardo Soares, Livro do desassossego)


Corticóide, precisa-se!

Quem conta um conto acrescenta um ponto, diz o ditado português... e diz muito bem! Mas também há aqueles que a um ponto acrescentam um conto, numa confabulação mirabolante de factos. Devo dizer que nada tenho contra as confabulações, muito pelo contrário; até me causam algum entusiasmo mental, quando dão mostras de expressão criativa e liberdade de processos cognitivos.
Depois há os que a alhos respondem com bugalhos, não se percebendo se pela ausência de compreensão dos conceitos ou se pela incompreensão da ausência de relação entre eles. Mais uma vez, nada tenho a apontar aos alhos e aos bugalhos, se estivermos numa tentativa de explorar conceitos e relações pouco convencionais e, às vezes, um tanto absurdas. Até me atreveria a dizer que é preciso quem o faça.
O que me causa algum prurido mental é a associação de confabulações, alhos e bugalhos, tudo na mesma cabeça e ao mesmo tempo, para dar resposta a problemas reais e bem concretos. Ter de conviver diariamente com esta anomia e esta desconexão neuronal causa-me uma comichão incontrolável.
Até onde irá a irresponsabilidade e a condescendência?!!

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