Viver é fazer meia com uma intenção dos outros. Mas, ao fazê-la, o pensamento é livre, e todos os príncipes encantados podem passear nos seus parques entre mergulho e mergulho da agulha de marfim com bico reverso. Croché das coisas...
(Bernardo Soares, Livro do desassossego)


Himalaias... últimos preparativos!

Como preparar uma mochila para férias...



1. Arranjar alguém para carregar metade da tenda. Levar aquela colchonete que custou os olhos da cara, mas que parece um colchão em 300 gramas! Não esquecer, claro, o saco cama.







2. Ser muito, muito, mas mesmo muito selectivo quanto à roupa a levar!






3. Arranjar uma farmácia bem compostinha, com pelo menos 40 comprimidos para a caganeira, e uns tantos para dormir, caso a colchonete fure!...






4. Colocar sagradamente os impermeáveis (não vá cair outra enxurrada de água) e carregar com o blusão de penas, porque afinal de contas, estamos a falar dos Himalaias!






5. E como estamos no Verão, convém também precaver contra os momentos de maior calor.






6. Não esquecer que os comprimidos podem falhar...






7. E, por último, a parte mais difícil... Contar, pesar, e racionar até à última grama, a preciosa fonte de energia.










E voilá!







Boas férias para nós :)

Belle's Garden

Celosia Sofia





Antonieta Phalaenopsis





Maria Kalanchoe





Begonia Gertrudes





Eleonor Phalaenopsis





O jardim em construção...



Himalaias...IV

Os cinco nas montanhas!




Ainda bem que voltaste




A noite passada acordei com o teu beijo
descias o Douro e eu fui esperar-te ao Tejo
vinhas numa barca que não vi passar
corri pela margem até à beira do mar
até que te vi num castelo de areia
cantavas "sou gaivota e fui sereia"
ri-me de ti "então porque não voas?"
e então tu olhaste
depois sorriste
abriste a janela e voaste
A noite passada fui passear no mar
a viola irmã cuidou de me arrastar
chegado ao mar alto abriu-se em dois o mundo
olhei para baixo dormias lá no fundo
faltou-me o pé senti que me afundava
por entre as algas teu cabelo boiava
a lua cheia escureceu nas águas
e então falámos
e então dissemos
aqui vivemos muitos anos
A noite passada um paredão ruiu
pela fresta aberta o meu peito fugiu
estavas do outro lado a tricotar janelas
vias-me em segredo ao debruçar-te nelas
cheguei-me a ti e disse baixinho "olá"
toquei-te no ombro e a marca ficou lá
o sol inteiro caiu entre os montes
e então olhaste
depois sorriste
disseste "ainda bem que voltaste"
(A noite passada, Sérgio Godinho)

Himalaias...III

- Taj Mahal?

- Com uma tossezita!

Himalaias...II

Vai pó caril!

Vou tentar...

"Ama-me quando eu menos merecer,
pois é quando eu mais preciso".
(Provérbio chinês)

Himalaias

Borba lá!

Quero um buraco só para mim!


Há dias em que corre um vento de conspiração. O sol apresenta-se traiçoeiro. Os pensamentos mordem pela calada da noite. O estômago contorce-se, esmaga-se o peito, as pernas hesitam. O corpo prestes a ruir. Há dias em que só me apetece enfiar-me num buraco! E hoje foi um dia desses!!!!

Despertar...

Quando me inscrevi nas aulas de piano, estava, pensei eu, a comprar uns bons momento de lazer e de relaxamento. Pois enganei-me... redondamente! Não fiz mais do que acordar o monstro. O monstro adormecido já lá vão mais de 10 anos.

Comprei inquietude! Se, pelo menos, o meu piano chegasse de uma vez por todas... talvez me passasse esta compulsividade, esta enorme vontade de tocar, tocar, tocar... talvez eu não tivesse de tomar decisões que não quero e das quais me posso vir a arrepender.... talvez pudesse constatar que é possível conjugar as sobras de uma fase da vida que termina com os sonhos da que dá os primeiros passos.


Apetece-me só ser... Terei coragem?!

Manjar de rosas



Convida-se uma amiga para jantar.

Temperam-se uns bifes de frango com limão e coentros. Faz-se um refogado com os bifes e juntam-se cogumelos, natas e salsa a gosto. Serve-se com arroz seco.

Vai à mesa a acompanhar com Mozart e um bom vinho!

À sobremesa as agridoces questões da vida...


E que bom que estava!

Esta vida de dona de casa... II

Lavar a roupa...

Pus a máquina da roupa a funcionar. Seja o que deus quiser, a companhia de água e luz deixar e a máquina for capaz. Pelo sim, pelo não, comecei pelas toalhas... não vá a coisa correr mal!

Esta vida de dona de casa... I

Cozinhar....

Passar de uma placa a gás para uma placa de indução não é fácil e exige um apurado sentido de coordenação. Basta tirar os olhos do fogão um segundo e já está tudo fora do tacho! Há, então, que aprender a dosear o calor... Certo! Numa placa de gás é fácil. Há o máximo e o mínimo, não há dúvidas. Dosear o calor numa escala de 9 intensidades é ligeiramente mais complexo. E, depois, ainda há quem ache que cozinhar é dar música!

Confusões à parte, a pasta com refogado de atum, cogumelos e especiarias ficou uma delicia!

Trilos a 120

Estou a estudar uma sonata de Mozart. Sim, ainda a mesma. Aquilo rende... E agora há que encaixar com os trilos. Malditos trilos! Ora não entra a tempo, ora sai a esquerda do tempo, ora falha a entrada das notas. Malditos trilos!! Páro, recomeço, páro, tento de novo, mais devagar, agora mais depressa. Ahhhhhhhh.

E nisto, a sensação foi-me familiar. Fez-me lembrar quando aprendi a andar de ski! Cai, levanta, tropeça e dá com o ski na canela e cai. Perde o ski. Escorrega e cai. Levanta e cai e levanta.

Não está ser muito diferente dessa dança de trambolhões (com excepção dos hematomas, vá!). E a boa noticia é que, ao fim de uma tarde de treinos, eu consegui fazer a minha primeira pista.

2010

Ano do bota fora...

(with the compliments of MM)

Sessão fotográfica


Já não me lembrava de ter vontade de pegar na máquina fotográfica e disparar. Já não me lembrava de sentir o entusiasmo. De brincar com os ângulos e com a perspectiva e com a luz. Mas hoje, eu e a fada que anda lá por casa, tivemos toda uma sessão fotográfica por nossa conta. E que bem começa o ano!

Que sera, sera

Onde é que eu já vi isto?

"Um som ou alguma coisa verdadeira a existir. A nascer, a crescer, a viver. Uma coisa verdadeira e infinitamente bela a agitar-se no ar do salão. Um lamento. Uma angústia a transformar-se de repente numa alegria grande. A caminhar, a correr, a dançar. Um sonho bom a transformar-se numa alegria branda. Glória e espanto. Um som a existir muito. O ar do salão cheio de um milagre invisível. Um segredo profundo a atravessar-nos. Uma emoção a continuar para onde não se imagina. A vida condensada e repetida. Um momento ao qual não tínhamos a certeza de poder sobreviver. Recordações e a explicação simples da vida. O mistério mais impossível e a revelação mais clara. Cores: branco, azul, verde, branco, luz, negro, azul, céu, branco. Nenhuma cor. Água. Silêncio a falar a língua da claridade numa voz de manhãs. Um som ou alguma coisa verdadeira. Tudo isto e nada disto era a música."

(Uma casa na escuridão, José Luís Peixoto)


Reconheci isto de algum lado. E até acho que sei de onde foi. E o curioso é que parece que está a falar das minhas aulas de piano!...