Viver é fazer meia com uma intenção dos outros. Mas, ao fazê-la, o pensamento é livre, e todos os príncipes encantados podem passear nos seus parques entre mergulho e mergulho da agulha de marfim com bico reverso. Croché das coisas...
(Bernardo Soares, Livro do desassossego)


Escaladores gratinados, com cordetas e cordelinos

Dificuldade:
  • 5º grau (7º psicológico)
Tempo de confecção:
  • 2 horas (se é experiente demorará cerca de meia hora)
Ingredientes:
  • 2 escaladores inconscientes
  • 2 lanços de placa manhosa
  • 1 corda
  • 2 cordinos
  • 1 cordeleta
  • 1 reverso
  • engonhanço a gosto
Modo de preparação:
  1. Ate cada um dos escaladores com um cordino;
  2. Pegue numa placa manhosa e junte os dois escaladores unidos pela corda. Deixe em lume brando, até o 1º escalador montar reunião com a cordeleta. Tente evitar ao máximo reuniões improvisadas e nós na corda;
  3. Deixe cozinhar lentamente até o 2º escalador atingir o mesmo ponto do 1º, o que deve demorar algum tempo;
  4. Mude para o 2º lanço da placa. Vá mexendo até o 1º escalador atingir a 2ª reunião e se aperceber que afinal precisava de mais uma cordeleta. Improvise...
  5. Vá juntando engonhanço a gosto até a reunião ficar bem temperada;
  6. Quando o 2º escalador se encontrar no ponto, leve a gratinar ao forno solar durante o tempo necessário para os escaladores perceberem como vão desmontar o embroglio da reunião e como vão desfazer o nó da corda, que entretanto se formou inexplicavelmente;
  7. Monte o reverso e faça lá passar a corda, de maneira a poder descer os escaladores em segurança para a travessa. Este passo é particularmente importante. Nunca, em circunstância alguma, coloque o reverso ao contrário;
  8. Enquanto desce os escaladores para a travessa constate que o ponto anterior falhou e que não poderá fazer mais nada a não ser rezar (e esperar que alguém ouça) para que tudo corra bem;
  9. Sirva ainda quente.

Sleeping beauty

(Baiona, 2008)

Climbing sugar rocks

(Baiona, 2008)

Are we there yet?

Jazz à entrada...

Um sofazinho e uma mesa demasiado desocupada!

Rodolfo... sim, a rena do pai natal, deu ar da sua graça...

As pipocas estavam fermentadas... ou teria sido a mousse?

E a palestra?! A palestra correu bem...

Blop!
Two things are infinite: the universe and human stupidity... and I'm not sure about the universe!
(Albert Einstein)

Bombocas e um copito de vinho!

(IM / RD, 2008)

(IM / RD, 2008)

Give me your hand

Caixinha de bonecas

Num mundo encantado de bonecas,
tratadores de bonecas
e um irritante trovador,
Deu-se à corda, ao violino, ao magnésio...
Soltaram-se fantasias, flores e acrobacias.

Recomeçar

"Em que época do ano estamos? E isso interessa? Tudo é repetição e tudo só acontece uma vez. O fim está no princípio e no entanto prosseguimos!"
Iluminada pela lua, ao som de mim própria e com pedrinhas de chupar nos bolsos, prossegui...

Pronto, tá bem...

...ando numa de revivalismo!

É que ía a caminhar na rua e encontrei a minha infância! Dei-lhe um abraço apertado... Fomos tomar um café e conversamos durante horas! Recordou-me imagens que estavam bem no fundo do baú, já descoloradas, com muito pó e alguns fungos. Combinamos um almoço para breve...






E já agora...



Oh pah... o vitinho!!!

Ciclo Vital

1. A era das fraldas...


[...quem é que se lembra de cantar isto?!]


2. A descoberta da televisão...


[...faz e sempre fará parte da minha lista de músicas...]


3. Maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaãe... (maldita puberdade!)


[...se procurar bem sou capaz de ainda encontrar a cassete!]


4. Adolescência! (mas o que foi isto?!)


[...confesso que comprei todos os cds disponíveis na altura e confesso que tive uma tara com os gajos!!! Graças aos santinhos curei-me... Os cds, esses ainda estão na prateleira, claro. Relíquias!]


5. O tempo da pintarola...


[...a coisa começa a compor-se...]


6. Brincando às casinhas...


[...eu diria que não estou nada mal...]


7. ...
[...vamos lá ver onde o futuro me leva... eventualmente, de volta à era das fraldas!]

Dádiva

"A casta beleza do ventre de uma grávida: pousa a mão devagar em cima dessa carne, terra sagrada, e ficas repassado de mistério. Um novelo de carne ainda sem nome sem rosto sem destino certo cresce oculto leve livre, mola de incalculável poder, uma vida às cambalhotas lá dentro que vai anunciar-se num grito o primeiro grito. A mão corre amorosamente sobre a pele tensa presa no ventre é uma ameaça e o feto encabrita-se escorrega foge tomado de um súbito pavor. Talvez chore. Mas a mãe, que tudo sabe e de tudo o protege e guarda, não chora, sorri. Um orgulho cresce no seu olhar, o pacto lealmente cumprido, a dádiva maior ao Amado, o seu sangue (dele, dela) moldado em carne nova transfigurado num corpo livre. Ah, não ser eu a grávida e saber-me deus!"

(in Os namorados, Luiz Pacheco)

Amarrei-o...



... e foi o que se viu!

Memórias de um cuidar


Conforme me contava a sua história,

as lágrimas corriam pela cara
daquela mulher vestida de preto, por fora e por dentro.

Não consegui conter-me e chorei com ela...

(In portfólio IM, 2007)

Fénix

Acordei um dia, mesmo antes de me deitar, e vi a sua perda acontecer-me num acto impiedoso de pura intuição. Desaparecera… para sempre… E do que outrora parecera tão claro e límpido restava agora apenas a inconsciência do nada que nunca existiu.

Intersecções

"Um incidente trivial; vivê-lo, um heroísmo trivial. A. tem um importante negócio a concluir com B. da aldeia vizinha H. Vai até H. para combinar o encontro, faz o caminho de ida e volta em dez minutos para cada lado e em casa ufana-se da sua grande rapidez. No dia seguinte volta a H., desta vez para fechar definitivamente o negócio; uma vez que este previsivelmente demorará várias horas, A. parte de casa manhãzinha cedo; apesar de todas as circunstâncias, pelo menos na opinião de A., serem exactamente as mesmas do dia anterior, desta vez precisa de dez horas para chegar a H. Quando aí chega, à noite e já sem forças, dizem-lhe que B., zangado com a demora de A., partira há mais de meia hora para a aldeia de A.; na verdade, ter-se-ão certamente cruzado um com o outro. Aconselham A. a esperar, B. já deve estar a voltar. Mas A., receando pelo negócio, põe-se logo a caminho e apressa-se a voltar para casa. Desta vez, e sem sequer dar conta disso, faz o caminho de regresso num abrir e fechar de olhos. Já em casa dizem-lhe que B. tinha chegado muito cedo, ainda antes de A. partir, sim, tinha até encontrado A. junto ao portão da casa, tinha-lhe lembrado o negócio, mas A. tinha respondido que agora não tinha tempo, que tinha de se apressar. Apesar deste comportamento incompreensível de A., B. tinha ainda assim ficado para esperar por A. Perguntara até várias vezes se A. tinha já voltado, mas estava ainda lá em cima no quarto de A. Contente por ainda poder falar com B. e esclarecer tudo, A. sobe as escadas a correr. Já está quase lá em cima quando tropeça, torce o pé e, quase a desmaiar de dor, incapaz até de gritar, gemendo apenas no escuro, ouve e vê B., sem perceber se estaria muito longe ou mesmo ao lado, que desce as escadas furioso e desaparece para sempre."


(in Contos, Franz Kafka)

Stairway to heaven


Sessão de abertura...

(San Francisco, 2007)


... ou de encerramento