Viver é fazer meia com uma intenção dos outros. Mas, ao fazê-la, o pensamento é livre, e todos os príncipes encantados podem passear nos seus parques entre mergulho e mergulho da agulha de marfim com bico reverso. Croché das coisas...
(Bernardo Soares, Livro do desassossego)


Whatever

Não quis guardá-lo para mim
E com a dimensão da dor
A legitimar o fim

Eu dei
Mas foi só para mostrar
Não havendo amor de volta
Nada impede a fonte de secar

Mas tanto pior
E quem sou eu para te ensinar agora
A ver o lado claro de um dia mau

Eu sei
A tua vida foi
Marcada pela dor de não saber aonde dói

Mas vendo bem
Não houve à luz do dia
Quem não tenha provado
O travo amargo da melancolia

E então rapaz,
Então porque a raiva se a culpa não é minha
Serão efeitos secundários da poesia

Mas para que gastar o meu tempo
A ver se aperto a tua mão
Eu tenho andado a pensar em nós
Já que os teus pés não descolam do chão
Dizes que eu dou só por gostar
Pois vou dar-te a provar
O trago amargo da solidão!

É só mais um dia mau, mau, mau

(Ornatos Violeta, Dia mau)

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